Uma pausa na SNCF da Boulevard Saint-Michel
pelo viajante Renato Vieira, em
Paris, 27 de Novembro de 2017
Depois que descemos da Torre Eiffel, caminhamos alguns metros até a Pont d’Iena onde embarcamos no ônibus 82 rumo ao Jardin de Luxembourg. Tínhamos planos de resolver um probleminha na SNCF na Boulevard Saint-Michel, almoçar em algum restaurante naquela região e depois aproveitar a tarde no Jardin de Luxembourg.
A SNCF (Société Nationale des Chemins de fer Français) é a companhia nacional de trens da França. Foi nessa empresa, via internet, que compramos os bilhetes de trem que usaríamos nessa viagem. Os trechos que adquiri com eles foram: ida e volta Paris x Reims; uma ida Paris x Colmar e uma ida Colmar x Berna. Todas as compras, com exceção do trecho Colmar x Berna, geraram e-tickets, ou seja, bilhetes eletrônicos que eu poderia imprimir ou simplesmente levar no celular e apresentar ao fiscal no trem.
E o trecho Colmar x Berna? Bom, por algum motivo que ainda não entendi, esse bilhete era diferente. Apesar da compra ter sido realizada com sucesso, não foi gerado e-ticket para esta viagem. Para obter esse bilhete eu teria que inserir o mesmo cartão de chip que utilizei para efetuar a compra via internet, em uma máquina numa estação qualquer da SNCF e validar com a minha senha.
Como murphy está sempre atento aos movimentos da vida, o chip do cartão que usei para comprar os bilhetes parou de funcionar ainda no Brasil, poucas semanas antes de embarcarmos pra França. Sabendo que teria que usá-lo para resgatar o bilhete que citei, tentei me adiantar e abri um chamado na SNCF via internet. O chamado foi respondido com o seguinte texto:
“If your bank card and the chip are damaged, you can try to withdraw the tickets at the station in Paris by speaking with a member of staff. Please be aware that this is completely at the discretion of the staff as when making the booking it is stated that the bank card must contain chip and pin code which are working.”
Ou seja, tive que adicionar ao roteiro de viagem uma parada estratégica em uma estação de trem ou loja da SNCF para tentar resolver o tema. Pesquisando na internet, encontrei a SNCF la boutique na Boulevard Saint-Michel, bem pertinho do Jardin du Luxembourg!
Chegamos na loja debaixo de chuva fina. Deixei a Bea sentadinha com Amanda, que por sinal estava dormindo, e fui até a mesa da atendente explicar o meu problema. A senhora de óculos e cabelo curto, toda paciente com o meu francês limitado, entendeu a situação mas ainda assim solicitou o meu cartão para tentar inseri-lo numa máquina conectada ao sistema, numa tentativa de imprimir meu bilhete.
Eu, que já tinha testado esse meu cartão em diversos estabelecimentos diferentes, sabia que isso não funcionaria e fiquei frustrado pelo pouco recurso extra que a atendente tinha para me ajudar. Levei documentos e a fatura do cartão com a compra grifada. Minha expectativa era provar que eu tinha comprado e, mediante isso, a SNCF imprimiria o bilhete sem a necessidade de “passar” o cartão. Infelizmente ela não pode fazer isso pois o sistema era muito inflexível. Para piorar, a tarifa que paguei era aquela mais baratinha que não dá direito a alterações e nem cancelamentos.
Saí da boutique da SNCF sem resolver o problema. No entanto, ainda faltavam seis dias para fazermos a viagem em questão. No fundo eu tinha esperança de resolver o caso com algum membro da companhia de trens lá em Colmar.
Aqui no FPE sempre incentivamos o planejamento de viagem e, quando possível, a compra de bilhetes de trem e ingressos em geral com antecedência, via internet. No entanto, depois desse ocorrido, ficou uma lição para mim: Se for necessário validar o chip do cartão para retirar um bilhete comprado via internet ainda no Brasil, talvez seja mais interessante aguardar a chegada na Europa para fazer a compra desse bilhete específico no guichê de uma estação de trem ou numa boutique da SNCF.
Se a compra via internet emitir e-ticket, como foi o caso de todos os outros trechos que compramos, beleza! Sem problemas! Estávamos viajando em baixa temporada e os serviços de trem na Europa normalmente são regulares e com ofertas constantes. Além do mais, o trecho Colmar x Berna está longe de ser uma viagem de trem concorrida. Pensando agora vejo que dificilmente ficaríamos sem lugar no trem caso deixássemos para comprar esse bilhete específico assim que colocássemos os pés na França. Vivendo e aprendendo!
Mais Paris no próximo post!
Abcs
Renato Vieira