Wi-Fi gratuito na Champs-Elysées
pelo viajante Guilherme Guerra, em
Desde a quinta passada o principal grupo francês especializado em publicidade JCDecaux disponibilizou acesso wifi na mais célebre avenida parisiense. O acesso é financiado pela publicidade.
Wifi gratuito na Champs-Elysées. Já é possível acessá-lo desde quinta-feira passada. E não é graças a uma das operadoras de telefonia francesas, Orange, SFR, Free ou Bouygues Telecom. Desta vez, por mais surpreendente que possa ser, é a JCDecaux, empresa especializada em publicidade de rua, a responsável pela iniciativa. Acessível a todos e de forma gratuita, o sinal vai do Arco do Triunfo ao Matignon, residência oficial do Primeiro-ministro francês. “A Champs-Elysées entra na era digital!”, brincou o diretor geral de estratégias, estudos e marketing da JCDecaux, Albert Asseraf.
O acesso, de altíssima velocidade, foi uma parceria entre a empresa, a inglesa Colt, que instalou as fibras e a americana Rukus, que instalou os 58 pontos de acesso, dos quais 56 nas famosas colunas Morris, equipamento típico parisiense que mostra anúncios publicitários nas ruas e está presente na Champs-Elysées. E ao provedor de serviços móveis e de telecom Hub One.
5000 pessoas conectadas simultaneamente
Concretamente, antenas direcionais (orientadas para pontos precisos, como as lojas da avenida, por exemplo) foram instaladas nas colunas para “criar” o sinal wifi. As colunas continuam girando, mas a fibra ótica instalada permanece fixa.
“A potência, entre 30 e 120 MBps, é equivalente ao wifi utilizado em residências. Ele foi dimensionado para 5000 usuários conectados ao mesmo tempo e a até 35000 pessoas no total, mas neste caso a velocidade de conexão não será a mesma”, ressaltou Albert Asseraf. Os 20 milhões de turistas que frequentam anualmente a avenida, que é interditada uma vez por mês desde maio para os pedestres, vão poder evitar os custos altíssimos de roaming.
JCDecaux assume os custos
No começo do projeto, a prefeitura de Paris realizou uma chamada de projetos e recebeu sete respostas, das quais quatro eram de operadoras de telecomunicação, mas somente uma das “grandes” da França, a Orange, figurava entre elas. As outras não acharam interessante, já que quanto mais se usa a rede wifi, menos acaba-se utilizando os planos móveis das operadoras…
O acordo, assinado entre JCDecaux e o Comitê da Champs-Elysées, associação encarregada da promoção da mais famosa avenida parisiense, é valido por quatro anos. A JCDecaux assumiu todos os custos por um valor não divulgado, mais que estaria na casa dos 500000 € segundo um especialista. “Nós ficamos surpresos, pois não sabíamos que a JCDecaux era um especialista em wifi”, sorriu Jean-Noël Reinhardt, presidente do Comitê. “De todas as respostas que obtivemos, foi a única que fez uma proposta em termo de serviços.”
Difícil de rentabilizar
Logicamente a empresa optou por basear seu modelo econômico na publicidade. Além do wifi, lançou um portal, disponível em sete línguas, para o qual toda pessoa é direcionada quando conectado à rede. Ela prevê obter retorno sobre o investimento através da publicidade aos clientes que concordarem em receber anúncios e serem direcionados aos estabelecimentos dos anunciantes, mas somente se optarem por isto. Não é tarefa fácil rentabilizar os custos através da publicidade, por este motivo a empresa possui reserva quanto às cifras que este tipo de monetização pode trazer.
A prefeitura de Paris não desembolsou um só euro na operação. Pelo contrário, ela fatura cobrando uma taxa, um tipo de aluguel, pelos pontos (os conhecidos “spots”) wifi instalados, e cada um custa 5000 euros.
Foto por THOMAS SAMSON / AFP
Artigo em tradução livre do Les Echos.