Da Suíça à Holanda de bicicleta
pelo viajante Renato Vieira, em
Nesse post-entrevista, vamos contar mais uma história super maneira que aconteceu na Europa com um amigo brazuca! Máximo Alves, ex-companheiro de trabalho que hoje vive em Amsterdã, foi PEDALANDO da Basileia na Suíça até Maastricht na Holanda!
Foram cerca de 700 km em 7 dias passando por estradas francesas, luxemburguesas, belgas e alemãs! Vi as fotos postadas por ele numa rede social e me encantei com as paisagens e principalmente com a aventura em si. Perguntei se estaria disposto a compartilhar conosco um pouco dessa jornada e para nossa alegria a resposta foi positiva! Na sequencia você vai poder conferir como foi essa viagem e de quebra admirar as fotos tiradas por ele no caminho!
FuiPraEuropa: Como surgiu a ideia dessa viagem? Já pensava nisso há muito tempo?
Máximo Alves: Este ano completo 40 anos e resolvi comemorar realizando vários projetos de coisas que tenho vontade de fazer, mas nunca tinha colocado em prática. A viagem de bike é um destes projetos. Comecei a pensar nisto no final do ano passado.
FPE: Algum motivo especial pra escolha do trajeto Basel-Maastricht?
MA: Desde o início eu estava pensando em algum trajeto que oferece fácil acesso saindo de Amsterdam, cidade na qual resido atualmente. Um amigo me deu a dica de um guia, escrito por um holandês, descrevendo uma viagem de bike saindo de Maastricht e chegando em Roma. Busquei mais informações a respeito e achei o percurso super legal, pois passa por diferentes tipos de paisagens e evita as estradas mais movimentadas.
FPE: Como foi a preparação em termos de logística (mapas, barracas, ferramentas, etc)?
MA: Como orientação levei o guia o qual já descreve bem o caminho. Nos momentos em que o guia não era claro me orientava pelo Google Maps no meu smartphone.
Aliás, sem o Google Maps eu teria enfrentado dificuldades, pois em certas situações o guia não era claro e não havia absolutamente ninguém nas redondezas com quem me informar. Com relação a hospedagem, não planejei com antecedência aonde iria dormir em função de não saber quantos quilômetros iria conseguir (ou querer) pedalar por dia. Como segurança comprei uma barraca super leve (1,5 kg) e levei o equipamento básico para acampar: colchonete, saco de dormir, fogareiro, panela e talher. Eu sempre gostei de atividades outdoor, então já possuía equipamentos leves e adequados para este tipo de aventura. O peso é fundamental, então o equipamento tem que ser leve.
Especial atenção deve ser dada as roupas que, além de serem leves, devem te isolar bem do frio e não ficar impregnadas de suor. Comprei duas bolsas de bicicleta para as laterais e mais uma para o guidom (todas a prova d’água). Juntas somavam um pouco mais de 40 litros de bagagem, o que não é muito. A barraca e o colchonete viajaram amarrados por elásticos no bagageiro envoltos em uma capa impermeável. De resto levei duas lanternas, um kit de ferramentas super básico, duas câmaras de reserva e é claro uma bomba de ar. Também levei um mini kit de primeiros socorros contento antisséptico, gaze, esparadrapo e dorflex. No mais, como eu não estava atravessando o deserto da Mongólia, em caso de um imprevisto mais sério não seria difícil conseguir ajuda.
FPE: E preparação física? Estava treinando antes ou já estava preparado para esta aventura?
MA: Em maio do ano passado comecei a ir ao trabalho (que fica a 22 quilômetros da minha casa) de bike duas vezes por semana. Fora isso nos finais de semana que antecederam a viagem procurei fazer passeios mais longos para ir me acostumando a ficar várias horas por dia pedalando. O último passeio fiz com a bike já carregada para a viagem, pois queria ter certeza de que tudo estava ok.
FPE: Fale um pouco dos principais lugares que você passou nessa jornada.
MA: Saindo de Basel, o caminho adentra a França beirando canais que dão acesso ao rio Reno para depois atravessar regiões rurais e bosques. No final do dia alcancei as regiões vinícolas da Alsácia aonde pernoitei em uma vila chamada Turckheim. No segundo dia do percurso atravessei a Alsácia tendo do lado esquerdo os vinhedos e do direito as planícies que levam ao vale do Reno, esta é uma região muito bonita e bem turística. O caminho vai serpenteando entre colinas cobertas de vinhedos e atravessando várias cidadezinhas. Acho que atravessei mais de uma dúzia de pequenas vilas com as mesmas características: nome alemão, economia voltada para o vinho, portões/muros medievais cercando a cidade e ninhos de cegonha em cima das torres de igreja (a cegonha é um símbolo importante na região). No terceiro dia entrei novamente em uma região rural francesa, mas com uma característica distinta: a presença de vários lagos interligados por canais. O percurso segue ao longo dos canais, mas também passa por estradinhas entre pequenas propriedades rurais. No quarto dia cheguei a Metz. É uma cidade de médio porte com um bonito centro histórico às margens do rio Moezel. No quinto dia o percurso segue o leito do rio Moezel atravessando uma região chamada Eifel. É um lugar de grande beleza natural formado por várias colinas cobertas de pinheiros e entrecortadas por pequenos rios. Neste ponto a França já tinha ficado para trás e o caminho seguia dependendo da margem do rio, ora por Luxemburgo e ora pela Alemanha. No sexto dia deixei Eifel para trás e alcancei a Bélgica sempre seguindo por pequenas estradas. No sétimo dia atravessei as Ardennas, muito semelhante à região de Eifel na Alemanha até entrar na Holanda.
FPE: Dentre esses lugares, quais foram os destaques pra você? Quais foram as coisas que mais te chamaram atenção durante a pedalada?
MA: A região com mais atrativos turísticos é sem dúvida a região dos vinhedos na Alsácia. Agora, a região de Eifel em Luxemburgo é linda e tem cidades históricas super legais como Vianden. Algo que me chamou a atenção foi o fato do percurso atravessar o centro da Europa e passar por regiões tão pouco habitadas. Às vezes passava horas sem avistar uma pessoa ou ver um veículo.
FPE: Aproveitou a passagem pelos vinhedos da Alsácia pra provar vinhos? (risos)
MA: Tomei vários! Os vinhos brancos da região são muito bons.
FPE: E quanto à alimentação e descanso? Como funcionava?
MA: É importante ingerir calorias constantemente, caso contrário depois de algumas horas se entra em um estado de fadiga que pode demorar horas para passar. Durante o dia fazia uso de isotônico, composto por sais minerais e carboidratos. Levei quase 1 quilo em pó para diluir em água. Também levei barras de proteínas para reforçar o “menu” durante o dia. Fora isso também levava sanduíches e frutas desidratadas (principalmente banana). Todas as noites fiz refeições reforçadas: menus de 3 pratos mais uma garrafa de vinho 😉
Com relação ao descanso, procurei fazer pausas pequenas a cada 1 hora e pausas maiores a cada duas horas. Às vezes encontrava um restaurante legal próximo da hora do almoço onde fazia uma refeição e uma pausa maior.
FPE: Houve algum imprevisto ou perigo pelo caminho? A bicicleta se comportou bem durante o trajeto?
MA: Foi tudo muito tranquilo. O único fato que me deixou apreensivo foi a velocidade na qual os motoristas belgas e de Luxemburgo dirigem nas pequenas estradas. A bicicleta esteve ótima. Só um pneu furou durante todo o percurso.
FPE: Descreva para nós um pouco do sentimento de satisfação ao chegar ao final, em Maastricht.
MA: Eu fiquei feliz por tudo ter dado certo. Gostei da experiência de viajar de bike, pois ao mesmo tempo em que é possível percorrer grandes distâncias, você tem tempo de observar os detalhas dos locais por onde vai passando. Contudo não considero uma vigem de bike pela Europa algo tão especial a ponto de dar aquele sentimento de conquista. Qualquer pessoa com um mínimo de disposição e planejamento pode fazer o mesmo!
FPE: Pensa em fazer de novo? Já tem outros percursos em mente?
MA: Certamente! Quem sabe no ano que vem completo percurso, indo de Basel a Roma?
Mais uma vez agradecemos o Máximo por compartilhar conosco sua aventura sobre duas rodas!
Até a próxima,
Renato Vieira